sábado, 8 de março de 2014

Socorro.

A maior bênção e a maldição de sentir tudo de uma vez, tão profundamente, atacou-me novamente. Tanto para dizer e tudo o que digo não é nada, permaneço em silêncio. Repito-o, todo aquele silêncio solitário no qual me encontro. O respirar ofegante é tudo o que oiço e só não oiço as minhas lágrimas porque elas não omitem som.
Todos a meu redor, olham uns para os outros, tendo a decência de se intrometerem na vida uns dos outros, inclusive eu pensava na delas. Nada há a fazer quando são os meus medos que fazem o meu fracasso. Fracassei e a pressão consumiu o meu ser. Sou demasiado fiel a mim mesma, recusando-me a chorar, engolindo o próprio choro para emprestar o meu ombro a alguém. Sou um pouco como aquela pessoa que distribui flores na rua e que fica com o cheiro delas nas mãos. Mesmo assim não sendo suficiente, acabo sempre por chorar diante do silêncio escuro que chega ao final do dia quando fecho os olhos para adormecer.
Não consigo ter tempo para nada, mas nunca me apercebo disso a tempo. É sempre aquela mesma história dos objectivos que tenho de atingir, as pessoas que tenho de orgulhar, os sorrisos, o brilho nos olhos. Perco-me e não me encontro a mim mesma, engulo as lágrimas de saudade de mim mesma e abro os braços para quem precisar do meu abraço. Na verdade, tenho saudades minhas há já algum tempo.
Todos os dias oiço o som do mar a bater naquele horrendo barco, uma manhã que começa numa viagem rápida pelo rio, onde observo o nascer do sol e repentinamente me lembro de ti. O meu desejo está realizado. Eu sei que dói, mas não me importo muito com isso. Sinto-o e já é bom.

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